O aumento dos fatores de risco que levam a desenvolver a doença e a redução dos diagnósticos e dos cuidados – principalmente durante a pandemia – fizeram crescer o número de amputações no Brasil.
Por Jornal Nacional
No Dia Nacional do Diabetes, especialistas fizeram um alerta para milhões de brasileiros que sofrem da doença.
O aposentado Edvan Lima, de 47 anos, tem diabetes e confessa que nunca foi de se preocupar. Até que precisou amputar o pé, em 2020. Aconteceu rápido. Uma ferida pequena, não doía nada. Uma semana depois, o machucado estava maior e ele procurou o médico. Foi internado, mas nada adiantou.
“Começou mínima, um centímetro, e quando chegou amputação já tinha progredido para sola do pé inteira”, conta.
A médica Linamara Rizzo Battistella explica que a doença dificulta a circulação do sangue e a cicatrização. E pacientes com diabetes têm perda de sensibilidade, por isso demoram para perceber feridas.
“Precisa olhar as áreas extremas do corpo e ter o cuidado de fazer uma avaliação muito criteriosa para evitar que o ferimento esteja lá e você não tenha percebido”, afirma a professora titular de fisiatria da FMUSP.
Essa história, que se repete diariamente no centro de reabilitação, também está sendo vivida com mais frequência no Brasil inteiro. O aumento dos fatores de risco que levam a desenvolver diabetes e a redução dos diagnósticos e dos cuidados – principalmente durante a pandemia – fizeram crescer o número de amputações.
Em 2020, o SUS realizou 16.310 amputações ligadas ao diabetes – 44 por dia. Em 2021, 48 por dia e, em 2022, 50. Em 2023, de janeiro a abril, foram 6.305 amputações – 52 a cada dia.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes explica que pessoas com mais de 40 anos, obesidade abdominal, triglicérides altos ou com histórico de diabetes da família – principalmente se forem sedentárias – devem fazer exames uma vez por ano, porque a doença avança rapidamente, sem sintomas.
“Estou com pré-diabetes, o que eu faço? Mude o estilo de vida. Perca peso porque é a obesidade que vai fazer você sair do estádio de pré-diabetes e ir para diabetes. E é a perda de peso que vai fazer você sair do pré-diabetes e voltar ao estado normal”, afirma João Salles, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes.
Hoje, Edvan sabe como esses cuidados são importantes.
“O melhor medicamento é a prevenção. Eu mesmo tinha uma vida muito sedentária, comia de tudo. Hoje, tenho uma dieta mais controlada. E eu aconselho cada um que tem esse problema, que passa por esse problema, que faça a dieta, que se trate, que não é um final, mas um recomeço de forma saudável”, diz Edvan Lima.
FONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2023/06/26/especialistas-alertam-para-o-aumento-de-problemas-ligados-a-diabetes.ghtml